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Por que, setenta anos após a publicação de O segundo sexo, Simone de Beauvoir continua sendo a mais importante referência na luta pela liberdade feminina em todo o mundo? Por que sua vida e sua obra continuam inspirando mulheres de todas as idades?
A biografia escrita por Huguette Bouchardeau ajuda a compreender as razões que fizeram da filósofa a principal influência na vida de incontáveis mulheres da minha geração e das gerações seguintes. Sem O segundo sexo, não seríamos quem somos hoje. Sem Simone de Beauvoir, nossos caminhos teriam sido completamente diferentes.
Quase tudo sobre a escritora já foi dito por ela mesma: em seus diários, cartas, romances, memórias, ensaios e entrevistas. E também por diferentes biografias que retrataram a sua parceria amorosa, intelectual e política com Jean-Paul Sartre. O propósito de Huguette Bouchardeau não é revelar segredos inconfessáveis ou desvendar o que ainda não foi dito, nem levantar questões polêmicas que provem as contradições entre o que Simone de Beauvoir escreveu e o que viveu. O objetivo é mostrar, por meio de momentos decisivos, como se construiu a trajetória de uma feminista que ainda precisa ser lida e estudada para transformar a realidade das mulheres do mundo todo.
Bouchardeau faz uma detalhada descrição dos contextos familiar, social e pessoal da produção e da recepção de cada um dos livros de Simone de Beauvoir — e, em especial, do enorme sucesso que O segundo sexo fez em 1949 e da sua consagração como escritora com o prêmio Goncourt, em 1954. Como fica evidente nesta biografia, sua principal ambição era ser conhecida e reconhecida por sua obra literária. Ela conquistou o reconhecimento que tanto desejava, e foi além. Mais do que uma escritora célebre, Simone de Beauvoir foi a apaixonada militante feminista que demonstrou que existiria uma só saída para as mulheres: recusar as prisões que lhes são impostas e procurar abrir para si — e para todas — os caminhos da libertação.
É impressionante como sua obra conseguiu retratar os sofrimentos, as angústias e os conflitos não apenas das francesas do século passado, mas também os sonhos, os medos e os grilhões das jovens brasileiras de hoje. Sua literatura é atemporal e continua sendo mais do que necessária. Ainda não somos mulheres livres, independentes e autônomas. Precisamos continuar lendo Simone de Beauvoir. Precisamos continuar aprendendo a ser livres com Simone de Beauvoir. E é esta a principal
lição deste livro.
— Mirian Goldenberg
ANTROPÓLOGA E ESCRITORA