Uma coletânea de contos que têm em comum o tema universal da fraternidade humana e suas dificuldades. De um dos mais importantes e representativos autores do século XX e Prêmio Nobel de Literatura.
Embora seja o único volume de contos publicado pelo escritor franco-argelino Albert Camus, O exílio e o reino está longe de ocupar um lugar menor dentro da obra do romancista de O estrangeiro e A peste. A favor da coletânea seria possível evocar elementos que evidenciam, por exemplo, sua importância histórica: foi lançado em 1957, mesmo ano em que Camus recebeu o Nobel de Literatura; trata-se do último livro de ficção publicado por ele; a derradeira narrativa do volume assume, ao menos, para os brasileiros, um caráter especial, já que tem o Brasil por cenário. Tudo isso lhe dá a indiscutível relevância, mas sua grandeza decorre ainda de outros fatores.
Ao escrevê-lo, Camus não poderia imaginar que estava preparando seu último livro de ficção. Porém, O exílio e o reino constitui, de certo modo, uma síntese exemplar da obra camusiana. Sua temática, expressa desde o título não deixa dúvidas a respeito disso. Nos seis contos da coletânea, o escritor discute a oposição entre os extremos que alimentam a ""consciência da revolta"". De um lado, a solidão do estrangeiro compulsório, aquele que paga com a marginalização completa sua opção pela ""recusa à representação de um papel que a sociedade lhe atribui"", conforme explicava Camus. É o ""exílio"". Na outra ponta, o repouso na história universal ou mesmo na história pessoal, aquele que em última instância poderíamos chamar de felicidade. É o ""reino"".
Não seria justo para com o leitor apontar aqui que modo o embate entre ""exílio"" e ""reino"" se concretiza em cada um dos contos deste volume - por que negar-lhe o prazer inteligente dessa descoberta? Nunca se saberá se Camus continuaria escrevendo outros contos - talvez o gênero jamais se transformasse em uma primeira necessidade para Camus. Ainda assim, ele fez de O exílio e o reino um livro de primeira necessidade para os cultores do gênero e de sua extraordinária obra.
(Texto adaptado da orelha de Rinaldo Gama)
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